segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Por vezes em pequenas ideias nascem grandes criações. Qual é a tua vocação?

Todos nós em algum momento na vida questionamos qual a nossa vocação, ou qual o nosso emprego de sonho. Posso dizer que não me formei no meu emprego de sonho. Ser professora não é de facto a minha profissão de eleição. Ter jeito para ensinar é diferente do que ter paixão por o fazer. E mesmo que não esteja a exercer, por vezes penso que deveria ter investido noutra formação académica. Tirando claro as pessoas que tive o privilégio de conhecer e que não teria conhecido se lá não tivesse ido parar.

Sempre fui muito virada para as artes. Aliás uma das minhas grandes frustrações foi não ter seguido Artes no 10º ano e ter sido forçada a escolher Humanidades. Acho que desde essa altura que parei de desenhar, porque ainda guardo em mim essa deceção. Mas a minha maior paixão é a escrita. Mesmo tendo bastantes lacunas penso que é o meio pelo qual me consigo exprimir melhor.

Gostava de ser cronista de Viagens, um pouco ao estilo do Gonçalo Cadilhe. Não imaginam o quanto o admiro e o quanto o invejo. Para além da minha condição económica não o permitir, tenho uma lacuna que não abona nada a meu favor. A inspiração não flui tanto quanto desejaria. Tenho um historial de ensaios inacabados de perder de vista. Um deles inclusivamente sobre a minha viajem ao Quénia.

Penso que não se trata apenas de preguiça, mas de inspiração e de prática. Porém estou a ponderar inscrever-me num wokshop de escrita. Acho que me ia ajudar a fazer pelo menos deste sonho um hobbie, contando as peripécias que tive em cada viajem que fiz. Quiçá assim me sentisse um pouco mais completa.

E um dia, quando concretizar o meu sonho de fazer uma viajem de Norte a Sul de Itália, escrever sobre isso. Das poucas cidades que conheci de Itália sempre me senti em casa. Não consigo definir se foram as pessoas, a comida ou a arquitetura que me cativou. Mas foi o lugar que mais me inspirou e que me deixou aquela vontade inabalável de querer conhecer mais. Imagino-me de mochila às costas, com a máquina fotográfica, um caderno e, como não podia deixar de ser, com dinheiro para gastar. Todos os dias provaria uma iguaria local, e teria de obrigatoriamente de escrever sobre uma pessoa que conhecesse ou me chamasse a atenção diariamente. Pronto, já me estão a nascer ideias a torto e a direito. Falta só mesmo partir.

Considero que são estas ambições que nos fazem acreditar um pouco mais no futuro. Por vezes em pequenas ideias nascem grandes criações. Não sabemos o que o futuro nos reserva e às vezes o destino reserva-nos grandes surpresas. Já tive tantas reviravoltas na minha vida, tantos caminhos percorridos que nunca imaginei que pudesse trilhar.  Tenho consciência do grande privilégio que tive em poder viajar para diferentes destinos e inclusivamente viver noutro país. Principalmente o facto de me ter cruzado com diferentes pessoas com diferentes histórias de vida e que me enriqueceram enquanto pessoa. Tenho que obviamente frisar que todo este percurso tornou-se ainda mais especial por ter tido ao meu lado uma das pessoas mais importantes na minha vida: a minha irmã não de sangue mas de coração. São estes pedaços da minha história de vida que constroem o que sou hoje e que em grande parte criam em mim a ambição de um dia conseguir trabalhar naquilo que mais gosto. O importante é não deixar de sonhar, caso contrário qual o sentido em viver?

E quanto a ti,  qual é a tua vocação?

sábado, 15 de agosto de 2015

Estou solteira depois?


Nos dias de hoje os solteiros se são feios é porque são os coitadinhos que ninguém quer, ou então, os “mais ou menos bem-parecidos” são os intitulados homossexuais não assumidos, ou os esquisitos que procuram um top model. Porque ninguém percebe como alguém que até é “mais ou menos bem-parecido” está sozinho, só pode ter algo de errado, por isso só pode ser gay e tem vergonha, ou é demasiado exigente.

Hoje em dia é preciso ter alguém para ser reconhecido socialmente. Caso contrário seremos sempre os excluídos do mundo da felicidade. Na verdade andamos todos a chorar pelos cantos e a cortar os pulsos aos bocadinhos com a lâmina do corta-unhas.  É este o nosso mundo. Chegamos a casa lambuzamo-nos com um bolo de chocolate, vemos o diário de Bridget Jones vezes sem contas e não pensamos noutra coisa se não em ter alguém. De vez em quando lá vamos a um evento ou outro só para ver se arranjamos alguém, e lá tiramos uma foto para parecer que temos vida social e até temos amigos. Todas as noites choramos baba e ranho, e chicoteamo-nos severamente nas costas por valermos zero porque não temos ninguém.

Somos os snobs, que ocupam os tempos livres, a ler, a ver séries, a escrever um blog, a ir ao ginásio e etc. Vamos às compras sozinhos, não porque é divertido mas porque não temos ninguém. Temos a todo o custo de ser autossuficientes e até as coisas mais básicas como ir à mercearia fazemos sozinhos. Somos no fundo até invejados por termos tanto tempo livre e há quem fique indignado por quereremos férias em épocas altas e folgas ao fim-de-semana. Já não nos basta todo o tempo livre que temos antes e depois do trabalho, que ainda queremos ter direitos como os outros? Eu compreendo porque a realidade é que não temos uma casa inteira para arrumar, porque somos solteiros logo não sujamos a casa e o pó não quer nada connosco. Os pratos não acumulam no lava louças, porque somos um só e podemos nos dar ao luxo de empilhar uma semana de louça porque a comida agarrada aos pratos não resseca miraculosamente, porque obviamente que a química sabe que estamos sozinhos. A roupa pode ficar na cesta durante quase duas semanas, porque como somos sozinhos não vale a pena estar a gastar agua e eletricidade a lavar a roupa. E o cheiro da roupa suja também não incomoda, não temos que agradar a ninguém. Mundo árduo e triste este, que temos de ir sozinhos para todo o lado e temos tanto tempo que não sabemos o que fazer com ele.


Eu acho que deveria existir uma onda de solidariedade para com os solteiros. Algo como “adote um solteiro e levo-o de férias consigo”.  Sempre podíamos ocupar o tempo interminável que temos a fazer algo de útil como carregar os vossos sacos da praia, por creme solar nas vossas costas e até ler um livro em voz alta porque o tempo é precioso para gasta-lo a ler. Até nas férias de Natal, que obviamente passamos sozinhos porque somos todos órfãos, podemos servir para empurrar os vossos trenós na neve ou  levantar a mesa na ceia de Natal. Assim como assim não precisamos de férias no Natal porque obviamente passamos a consoada agarrados a uma garrafa de whisky e a ver o Grinch na Tv ou esperem, esta é muito boa: a ver o “Sozinho em casa”.

Ironia à parte, por de trás de cada solteiro há uma história de vida. Uns são solteiros por opção, outros porque não encontraram a cara-metade e depois existem os traumatizados que nunca acertam na pessoa certa.

No meu caso sou uma traumatizada que não voltou a encontrar a pessoa certa, mas esta vida de solteira ensinou-me muito mais do que muitos anos de uma relação. Amo a liberdade de poder escolher sozinha. Ter espaço para mim e para as minhas outras pessoas. Acho que era incapaz de perder de certa forma a minha entidade individual, para passar a ser um plural constante de 24 horas, de ir para todo o lado com a mesma pessoa. Compreendo e acredito que muitos casais sejam felizes assim, mas eu sou diferente. Sempre valorizei a amizade, e que ninguém me tire o espaço com os meus amigos, ou pior ainda, o espaço comigo mesma.

Não critico quem seja assim, são maneiras de ver o mundo diferentes. Eu vejo-o assim. Mas sim, gostava de ter um companheiro. Não vou ser hipócrita, sou humana e tenho necessidade de amar e ser amada.   Tenho medo, mas não quero deixar de tentar ser feliz a dois. De ter um companheiro de vida, que não me prometa o mundo, mas que me leve a conhecer o mundo com ele.

A minha história é simples, e como tantas outras histórias começa e tem um fim. Um grande amor que acabou, porque uma das partes teve a coragem de desistir. E foram precisos alguns anos para entender que quando um não quer dois não dançam. Fui muito feliz durante muitos anos, fui amada e disso não tenho dúvidas. E esta hein? Já fui feliz a dois. Um like para mim que eu mereço.  Sim eu acreditei no Amor. Pior do que acreditar eu amei alguém. Aquele sentimento que vos enche a alma e chega a doer o peito porque estão tão felizes que não cabem em vós mesmos. Quase que por momentos questionam se merecem tanto.

 De repente as coisas começam a mudar, não és tu que mudas porque amas da mesma forma, mas sentes que algo à tua volta está a mudar, mas não sabes bem ainda o que é. Aquele instinto que te preocupa, aquela desconfiança que no início é tola e até coras de vergonha por duvidares do teu companheiro. Começas a sentir que a outra pessoa já não te dá tanta atenção como de antes, que se irrita facilmente, que as mensagens e telefonemas são cada vez menos e mais curtos. Começas então a tua carreira de investigadora criminal, de fazer inveja ao FBI. Cada palavra numa SMS é uma pista que te leva a pôr em causa o que ele sente. O mundo desaba e o inevitável acontece: ele parte e deixa-te, mesmo depois de ter prometido o mundo  Conheço a doçura do Amor mas também o devastador sentimento de Amar sozinha.

Prefiro estar solteira, do que amar com medo. Ainda não apareceu a pessoa certa e talvez nunca apareça, mas não sou nenhuma coitadinha. Não vou cortar os pulsos só porque a sociedade define que tenho de ter alguém e que ficar solteira para sempre seria o pior que me podia acontecer. Na verdade nunca estarei sozinha todos nós sabemos que a vida de uma solteirona acaba com 75 gatos em casa, a fazer mantinhas de lã para todos eles enquanto vê as novelas da TVI.

Sou independente, e apaixono-me todos os dias, por um vestido, por um lugar onde gostava de ir um dia, por um personagem de um livro, ou até mesmo pelos momentos que tenho com os meus amigos. Tenho sonhos e ambições.


 Em suma, estar solteira não é sinonimo de estar sozinha…  

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